06 maio, 2019

Algodão doce e shots de vodka


Embora me tivesse confessado Um dia, hei de escrever-me, não o fez. Eu sabia que queria muito, mas as palavras às vezes são difíceis e teimam em não sair. Tomei então a decisão de ser eu a fazê-lo, mas não lhe disse nada, é um segredo.
Alguém disse um dia (já não me lembro quem) que as raparigas demasiado bonitas causam tristezas. Devia saber o que estava a dizer. Aqui não era o caso. A rapariga sobre quem escrevo tem aquilo a que se chama uma beleza selvagem e a mim só me trouxe alegria.
É uma alma sensível e rebelde ao mesmo tempo. A irreverência e a cortesia num mesmo ser. Um festival de antagonismos!
Usa o cabelo escuro num corte irregular. Gosta de o prender com um lápis de uma forma desarrumada. Os olhos castanhos esverdeados adquirem uma tonalidade mais clara nos dias de sol como que a querer celebrar a luz. É uma rapariga de sorriso fácil. Diz-me muitas vezes que, numa mulher, o sorriso é tão ou mais importante do que a maquilhagem. E é bem mais saudável. Quando não sorri, o que é raro, a sua tez torna-se opaca e adquire uma lividez assustadora. É sinal de tristeza ou de adversidade. Transfigura-se. Quem a está a ver, percebe logo que há ali algo de errado, ainda que não a conheça no absoluto.
Gosta de falar, mas precisa de momentos de silêncios. Muitos, mas curtos. Depois desse intervalo, retoma a habitual tagarelice e tudo volta à normalidade.
Teima em não largar os jeitos de miúda apesar da idade já ter manifestado os seus sinais. Não tenho medo de envelhecer diz tenho é medo de morrer. À velhice dá-se lhe a volta. Quanto à morte, essa é que nos dá a volta a nós. Sem lugar para reclamações! End of story!
Jeans rasgados e ténis num dia, vestido mais formal no outro. A roupagem escolhida fica por conta do estado de espírito.
Se gosta, gosta muito. Se não gosta, não odeia; ignora.
Passam pessoas por mim, mas nunca ficam por muito tempo. Esta entrou na minha vida há muito e não quero que saía dela enquanto quiser cá ficar.
Lembro-me de lhe perguntar uma vez Quem és tu quando ninguém está a ver?
Na altura, riu-se e respondeu-me Não sei, diz-me tu! Quem está a ver é que saberá responder!

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