15 novembro, 2019

Ambivalência

Desenha-me um significado que não entendo este amor retratado à flor da pele e do ódio.
Acicata mais ainda esta tormenta avassaladora de emoções ambíguas que tenho vindo a experimentar, sentimentos contraditórios que me vêm consumindo, mas que fazem querer manter esta paixão que desafia a própria morte.
Amo esse teu lado negro e destrutivo, essa tua beleza agreste e selvagem alimentada por chuvas rigorosas, ventos fortes e tempestades. Inflama-me este sofrer.
Cheira a rosas vermelhas no jardim onde me perco nos labirintos retirados de contos fantásticos. O perfume inebriante das flores e o sopro forte nas árvores lembram-me o movimento sensual dos corpos na volúpia dos lençóis.
Aparências que se deformam e se transformam, gritos e sombras a que se sucedem cores musicais.
Estados de exaltação. Cenários oníricos. Metamorfoses.
Vertigem de loucura… Palpitações de pura emoção.
Alucinações... Desvarios... Delírios...
Tudo culpa dos vapores do álcool e dos paraísos artificiais.
Silêncio… Leveza… Tranquilidade…
Na verdade, anseio apenas afagar-te o cabelo com a ponta dos dedos, acariciar-te o rosto com as costas da mão, puxar-te para mim para que enlaçados possamos juntos ouvir o murmúrio das ondas e saborear o aroma fresco da maresia.

Guarda-me no teu abraço.

Sem comentários:

Enviar um comentário