16 setembro, 2019

Intermitências

Há já um tempo que os dias acordam cinzentos. O sol anda tímido, parece assustado. Aparece e esconde-se pouco depois atrás das nuvens.
Tive de vir para a rua. Sentei-me no primeiro café que encontrei e ali fiquei a olhar pela janela durante muito tempo. Queria escapar ao silêncio assustador das paredes lívidas e envolver-me  no tumulto dos dias. Mas acabei aqui. Pouco me tem apetecido fazer, a não ser lembrar-te com intermitências. Já não consigo isolar o teu rosto dos outros e relacioná-lo com os momentos vividos. Os teus traços vão-se diluindo num nevoeiro espesso. Fecho os olhos, mas de nada adianta. As imagens desfilam desfocadas, mudas. O peso de uma sombra abate-se sobre elas. O silêncio apressa-se a regressar. Procuro recuperar alguma lucidez.
 Havia já muito que não te escrevia uma linha, não tinha sido preciso. Hoje é…muito.
Queria escrever uma coisa. Escrevi outra.

Sem comentários:

Enviar um comentário