18 junho, 2019

O sol que me ilumina

silhouette of plant during sunset
Durante a noite caminhámos percorrendo o longo percurso,

aguentando a dor e a chuva e o calor.
Pelo caminho seguia-nos uma colónia de coelhos,
curiosos pela nossa peregrinação de dor.

Abriram-nos a porta no abrigo e deram promessas de paz e conforto.
Era mentira. A dor continuou, certeira, como um relógio.

A chuva não parava de cair lá fora e pouco conforto sentiamos cá dentro.
A noite passou sem praticamente conseguirmos dormir.
A dor não perdoou e ficou insuportável.
Os nossos anfitriões vieram em socorro,

estiveram connosco até ao fim.
E a dor acabou por atenuar.

Deixaste de ter vontade de estar dentro e quiseste sentir a chuva lá fora.
Mas estavas inerte, adormecido.
Ao veres que conseguias respirar acordaste.

Acordaste com um choro, que mais parecia um coro de uma sinfonia celestial.
O teu choro libertou lágrimas em faces há muito dormentes.
O teu choro acordou essas faces há muito dormentes.

A chuva parou quando nasceste.
A vida faz sentido quando a irradias,
porque és o sol que me ilumina.

Sem comentários:

Enviar um comentário