Sedenta
de renovação e libertação, atirou os escritos à água. Origem de todas as coisas
e para onde tudo retorna, a prima matéria haveria de saber que destino teriam
todas aquelas estórias. Escrevera tantas vezes, sentada na areia, com o bloco
no colo e o horizonte como pano de fundo. Não havia como não devolver às águas
o que em tempos elas lhe tinham oferecido. Quanto mais olhava para aquela
imensidão azul, mais vulnerável se sentia… uma embarcação frágil … um barco feito de
um qualquer matutino esquecido num banco de jardim.
Ali, onde tantos tinham perdido a vida e desaparecido para junto de criaturas fantasiosas,
outros tinham cruzado as águas com coragem e ousadia. Palco de cruéis piratas, intrépidos
navegadores e esconderijo de conchas e peixes coloridos, o mar levava-lhe agora
as palavras (umas put@s, outras pérolas). Deixou-se estar a vê-las partir, até
que anoitecesse. Talvez alguma sereia se apoderasse delas e as transformasse
num canto mágico.
Era
hora. Descalçou-se, mas não se despiu. Entrou na água até que a espuma branca a
cobrisse. Assim como as suas estórias, aquele era o seu Fado.
"(...)atirou os escritos à água. Origem de todas as coisas e para onde tudo retorna, a prima matéria haveria de saber que destino teriam todas aquelas estórias." ������
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