Olha o estouro, será que já estão a abrir o champanhe? Era falso alarme, ainda faltavam uns minutos para o final do ano. O estouro foi um mistério logo esquecido. A sala parecia uma carga de índios, o andar fora alugado só para aquilo e era longe, nos Algarves. A festa começara na véspera da véspera e àquela hora já estavam todos avariados. O Doc levara uma aparelhagem portátil e a música era pesada, durante o dia rock e à noite electrónica e pimba a partir a cabeça nossa e dos vizinhos.
Faltavam poucos minutos para abraçar o Ano Novo. A meio da sala estava uma mesa larga cheia de doces, bolos e alguns croquetes que tinham sobrado e garrafas de bebida a meio ou vazias, até uma de água ainda por abrir. Os únicos copos limpos eram os cálices do champanhe, embora um já tivesse batom, vai-se lá saber porquê.
Faltavam poucos minutos para abraçar o Ano Novo. A meio da sala estava uma mesa larga cheia de doces, bolos e alguns croquetes que tinham sobrado e garrafas de bebida a meio ou vazias, até uma de água ainda por abrir. Os únicos copos limpos eram os cálices do champanhe, embora um já tivesse batom, vai-se lá saber porquê.
A Maria fazia montinhos de passas. Também era boa nos cocktails, fizera uns mojitos que tinham tudo, limão, açúcar, o indispensável hortelã e rum do amarelo que era o melhor. Só faltara a gasosa e aquilo felizmente caiu no molhado porque o pessoal tinha acabado a janta, mas deu um andamento do caraças para aguentar a noite.
O Ginjas dançava abraçado a uma garrafa de brandy e os outros saltavam e gritavam e empurravam-se, e iam à mesa petiscar e beber quase esquecidos do que estavam à espera.
Não havia televisão, cada um estava a contar o tempo pelos seus relógios. Tão bem o contaram que se festejou a passagem do ano três vezes, com duas contagens decrescentes, a segunda por teima de bêbados, porque parece que há sempre relógios mais certos que os outros e a terceira porque ao longe se ouviu uma grande algazarra. Os abraços, beijinhos e votos repetiam-se e depois foi o pessoal todo para a varanda bater com tachos e o que havia. De repente lembraram-se do champanhe e voltaram a correr.
O Quico agarrava a garrafa e a Maria distribuía as passas e os cálices. Vá lá abre essa cena, começaram a gritar. Com pressa rasgou a cobertura prateada, depois desapertou o arame e muito lentamente, com os dois polegares foi empurrando a rolha para fora do gargalo para o champanhe não transbordar, mas a meio, quando sentiu a rolha a fugir, abanou aquilo e ouviu-se o estouro e o líquido jorrou alegremente. Aproximaram-se todos de cálice estendido e ao mesmo tempo ouviu-se uma explosão. O candeeiro do tecto, um candelabro de fancaria tristemente baleado pela rolha, caíra em cima da mesa e escavacara tudo. Safaram-se as bebidas que estavam numa ponta e uma travessa de arroz doce que estava na outra ponta.
O Quico riu-se e fez-se o brinde, viva o Ano Novo.
Um grande ano para o EGO e para todos os seus alter egos. Bem hajam!
ResponderEliminarO EGO e os seus alter egos agradecem e desejam-lhe um óptimo 2020
EliminarMuito bom! Feliz 2020!
ResponderEliminarObrigado pelo incentivo. O Ego deseja-lhe um óptimo 2020.
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