02 março, 2019

O Ingês, apaixonado pelas nossas mulheres e varapauzado pelos nossos homens


Nos idos de 1780, viajava por cá um tal Richard Croker, capitão de infantaria inglês, que, en passant, escreveu umas coisas sobre as nossas mulheres e homens.

No primeiro texto, é notório que o capitão se apaixonara por uma bela portuguesa, porventura de olhos negros, algures pelas estradas de Sintra. No segundo é evidente que, depois de brincar com o fogo, terá pago a honra a alguém, varapauzado e cheio de negras, como tantas vezes Sancho Pança o foi por simples má sorte e destino.

Das mulheres, perdido de amores (assumpção minha)::

“Era impossível não reparar, nas cidades em que passámos ultimamente, na diferença entre as mulheres de Portugal e as de Espanha.
As mulheres portuguesas são agradáveis, elegantes no vestir, com lindos olhos e dentes e belo cabelo muito abundante: nos seus penteados misturam fitas e flores com muito bom gosto e isto mesmo mulheres de classes baixas, pois não nos foi dado ver outras.
Em resumo, tem que se admitir que há mulheres mais bonitas e melhores mulas (sic) em Portugal que na Andaluzia.”
Já em Lisboa: “Um espectáculo que quase me esquecia de mencionar: refiro-me às senhoras portuguesas às janelas. (...) Como não se vêem mulheres nenhumas na rua, senão as de baixa condição, elas devem com certeza estar fechadas em casa e dizem que os maridos portugueses são extremamente ciumentos.”

Dos homens, depois de um encosto mais viril (assumpção minha):

“Os homens portugueses são, sem dúvida, a raça mais feia da Europa. Bem podem eles considerar a denominação de ombre blanco como uma distinção. Os portugueses descendem de uma mistura de Judeus, Mouros, Negros e Franceses, pela sua aparência e qualidade perecem ter reservado para si as piores partes de cada um destes povos.
Tal como os Judeus, são mesquinhos, enganadores e avarentos. Dos Mouros são ciumentos, cruéis e vingativos. Tal como os povos de cor são servis, pouco dóceis e falsos e parecem-se com os Franceses na vaidade, artifício e gabarolice. (…)
Os homens são notoriamente ciumentos e, se pode haver uma desculpa para esta paixão, deve ser que onde as mulheres são dignas de ser amadas e os homens tão opostos, surgem crimes privados e assassínios.”

Ora, a pena do capitão tingiu-se na soberba com que os membros do Império de Sua Majestade encaravam os outros homens. Também eu, só por isso, lhe teria dado uma bengalada .

Quanto às nossas mulheres, Lisboa presta-lhes homenagem nas curvas luminosas das suas colinas, pelas quais deixamos deslizar o olhar como um toque, um cheiro, um desvario.

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