Chegara
alguns minutos antes da hora marcada. Tinha-lhe pedido que não se atrasasse,
que chegava às oito em ponto. Entrou no café e varreu rapidamente o interior à
espera de o encontrar ali sentado, mas o Rui ainda não tinha chegado. Sentou-se
a uma mesa no fundo e pediu um café cheio dentro do qual despejou meio pacote
de açúcar. Espreitou o telemóvel na esperança de algum sinal. Nada. Ainda
estava escuro lá fora, mas obrigou-se a olhar pela janela para calar a
impaciência. Pessoas apressadas para o trabalho, uma fila de carros. Mais nada.
Prometera
que dali em diante tudo seria diferente, todos saberiam. E ali continuava com a
vida na mochila à espera. Pediu um segundo café que bebeu agora amargo. O
relógio do telefone marcava agora oito horas e cinquenta e dois minutos. Nenhum
sinal de chamada ou de mensagem. Nada. Deixou uma moeda de dois euros em cima
da mesa, levantou-se e, ao dirigir-se para a saída, deu um encontrão num homem
alto engravatado. “Acorda! Que merda, logo de manhã a levar com gente desta!”.
O corpo trémulo e os olhos marejados de lágrimas desceu as escadas do metro.
Ficou algum tempo na plataforma, imóvel. Deu um passo em frente e pisou a linha
amarela. Minutos depois, lia-se no painel eletrónico “Por motivos alheios ao
metropolitano, a circulação encontra-se interrompida. Lamentamos os incómodos
causados.”
Chamava-se
João…
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