A Sofia não dava beijinhos. Chegava com um high five e um "Tudo bem?". Eu detestava aquilo, queria abraça-la e beijá-la, mas também detestava o ritual beijoqueiro e então gostava daquilo, era ela. Lembro-me da constante que era o seu sorriso e de como dizia "Ganda maluco!!!!! Atina", e ria, ria sempre, quando o nosso tino se desatinava um pouco mais.
A Sofia tinha o cabelo comprido, aos caracóis, muitos caracóis, que prendia atrás e por vezes, sem querer, deixava correr pelo ombro até ao seu decote bordado. Tinha um colete preto e um pescoço esguio e na curva do queixo tocavam as missangas dos seus brincos. Sempre vi luz nos olhos da Sofia e mesmo acompanhado esperava a sua voz. Gostava de a ter por perto, era bom. Segurava-me a alma.
A Sofia tinha o cabelo comprido, aos caracóis, muitos caracóis, que prendia atrás e por vezes, sem querer, deixava correr pelo ombro até ao seu decote bordado. Tinha um colete preto e um pescoço esguio e na curva do queixo tocavam as missangas dos seus brincos. Sempre vi luz nos olhos da Sofia e mesmo acompanhado esperava a sua voz. Gostava de a ter por perto, era bom. Segurava-me a alma.
A Sofia tinha umas sapatilhas pretas com bordados e flores e saias rodadas, com aqueles espelhinhos que brilhavam e com mais rendas e bordados de cores fortes e escuras, porque afinal éramos diferentes e até vestir o vermelho, ou o preto, era um desafio ao marasmo do Portugal em que vivíamos.
Eu gostava das meninas com saias rodadas e lenços da Palestina ao pescoço, como a Sofia.
A Sofia era perfeita, quase perfeita. Eu gostava da Sofia, a Sofia gostava de outro...
Sem comentários:
Enviar um comentário