09 julho, 2019

Escrever, escrever-me, escrever-te…

De acordo com as palavras de Virginia Woolf, “Escrever é que é o verdadeiro prazer, ser lido é um prazer superficial”. Não posso deixar de concordar.
Embora, na verdade, a escrita seja também uma questão de EGO é antes de mais uma questão de intimidade, de entrega, de secretismo. É fruição.  É até, em alguns casos, vital.
Escrever é ,antes de mais, ter coisas para dizer. Construir histórias através da combinação de palavras aliada à sintaxe e à semântica (ou sem aliados, simplesmente porque também pode acontecer contar coisas com palavras soltas!) e sacudir o mundo trazendo ao de cima sentidos mais ou menos explícitos. Sim, porque a escrita também exige esforço. Não está lá tudo, às vezes é preciso construir e desconstruir. Pensar, redigir, apagar ou queimar, arrepender-se e voltar a fazer tudo de novo. Aí reside o verdadeiro prazer da escrita: a procura constante, a exigência, a beleza das palavras, o prazer, a frustração, a inspiração ou o vazio. Paradoxalmente o vazio é inspirador. Parece coisa de gente louca, mas é assim.
Se num primeiro momento idealizei este texto para ser uma reflexão e porque a escrita é também uma anarquia e por isso mo permite, decidi mudar-lhe o rumo e continuá-lo na primeira pessoa do singular porque é assim que tenho vontade de escrever neste preciso momento. Na verdade, apetece-me dizer poucas coisas, mas escrevê-las com cores, cheiros e emoções. Ainda que pouca gente as leia, já as imortalizei numa folha branca. Pouco me importa a quantidade de olhos que vão por elas passar, são minhas… até que alguém as queira tomar também como suas.
Escrever-me tem sido uma árdua tarefa que, no entanto, tem sido possível muito devagarinho. A maior parte das vezes a preto e branco, fruto das circunstâncias, mas também gosto de tons pastel e de quando em quando lá vou colorindo algumas palavras mais felizes.
Escrever-te é bem mais fácil e prazeroso, mas é preciso ter mais cuidado na escolha dos vocábulos, já dizia o poeta “São como um cristal, as palavras. Algumas, um punhal, um incêndio”.
Procuro guardar tudo com cuidado: as palavras e as pessoas. E para que possa ficar com as pessoas, preciso de saber mexer nas palavras com mestria e precaução. E quanto mais cor lhes der, melhor.
Sílabas presas num nó da garganta, expressões que habitam o coração ou palavras que nos esmurram o estômago, tudo merece a devida transcrição.
É preciso é que não se escreva só com palavras, mas com a pessoa inteira.

 Assim...Escrevo, escrevo-me, escrevo-te…


4 comentários:

  1. Maravilhoso este texto

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Obrigada. Fico feliz que tenham chegado até aí as cores, os cheiros e as emoções.

      Eliminar
  2. Gostei bastante do texto. Obrigado por ter decidido partilhá-lo!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. As Mãos agradecem o feedback e a simpatia.

      Eliminar